segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

O afinador

O ruído daquela sala temperava o desprezo que amilcar tinha pelas pessoas da plateia. "pombos gordos e endinheirados" costumava dizer á laia de brincadeira ao pequeno ferreira, seu sobrinho que se ria sem perceber.
amilcar tentava em vão evitar olhar para eles, afinal de contas afinar um piano ao intervalo do espectáculo é uma coisa rápida , mas ele sabia que nao podia contornar um olhar por pequeno que fosse. e lá estavam eles, olhos grandes e dentes amarelos e gelatinosos chapeus de rã e grunhidos vermelhos.
na janela podia-se ver mais a quererem entrar

o som das teclas chamava de novo amilcar ás notas que teimavam em nao alinhar com o tom que lhe impunham , amilcar sentia uma afinidade com elas , tal como ele nao queriam estar ali.

"não isto nao está bem! disse- isto nao é um dó" e mergulhou na cauda do piano determinado a conserta-lo.

lá dentro um mar de narizes repousavam nas cordas do instrumento e treparam por ele fungando e cheirando -o.

na plateia os pombos olhavam toda a aquela cena com um misto de espanto e de asco.

"o que está ali a fazer o afinador com os nossos narizes" gritou um dos pombos com uma corcunda que ameaçava cair.

15 comentários:

Henrique disse...

ragragrag Gosto do ambiente. Gosto da narrativa. Boa posta, esta.

Anónimo disse...

Bajulador!

Anónimo disse...

LINDO!
BRAVO!
Adoro o vosso blog!
Vocês são os maiores!
Adoro-e Varredor.
Continua a escrever assim, és maravilhoso.
Dás sentido à minha vida.

Ass: Bajulador

Anónimo disse...

Amílcar não sei se sabes mas a caça aos Pombos ainda é permitida neste belo País ...

se tiveres por aí a G3 metralha essa pombada toda !!

ass: Charles Manson, mestre do Kaos

Anónimo disse...

Se alguém tocar numa pena que seja desses pombos vão ter que se haver comigo! * BRUUM! * (som de um trovão poderoso)

Ass: Deus

Anónimo disse...

Oiçam o que ele diz.
O meu rabo é a prova de que eu sei do que estou a falar.
A fivela do sinto dele é tamanho XL.

Ass: Jesus

Anónimo disse...

ERRATA:

Onde se lê "sinto" deveria ler-se "cinto".

Cinto muito pela calinada.

Ass: Jesus Nazareno

Anónimo disse...

como é que é, a Novela não continua ??

estou curioso para saber se o Amílcar vai casar ou não com a Joana da família Pintainho que é de uma casta superior à dele ou se ele prefere continuar com a sua vidinha de afinador de Pianos a trabalhar para a filial da Al-Quaeda da Baixa da Banheira ...

os leitores exigem a continuação da saga !!

ass: António Cavaco Silva

Anónimo disse...

fada.s e eu não consegui ouvir o dó.
ass: Ludwig van Beethoven

Anónimo disse...

Ó LUDOVICO!!

TU ÉS SURDO PÁ!!!

Anónimo disse...

E o fim?

Como é que acaba esta história?

A malta quer é saber o fim das histórias!

A malta só ouve as histórias para saber como acabam!

Se não tem fim não interessa!

Escreve o fim!

O Fim!!

Ass: Manoel de Oliveira

Anónimo disse...

cá para mim essa merda de estória agora passava a Braille .. querem saber mais vão apalpar as vossas mães !!

alguém têm uns pintelhos para a troca por aí ??

ass: João César Monteiro

Anónimo disse...

Este blogue alterna entre a conversa de alternadeira do Sartre à conversa preteciosamente intelectual do varredor.

Boa miúdos, continuem.

Unknown disse...

Alternadeira: Mulher contratada para acompanhar os clientes num estabelecimento nocturno, levando-os a fazer despesa; mulher de alterne».

epá, Obrigado! Hoje só me fazem elogios. Estou mesmo inchado, ó pra mim Simone, ó, ó! TOOODO INCHADO!

Ass: Jean Paul Sartre

Unknown disse...

João César Monteiro, tenho uma caixinha de madrepérola semitransparente que comprei na feira da ladra, com os pentelhos de alguns famosos da nossa praça.

Entre eles está o Pr. Oliveira Salazar, o Eusébio, a Amália, o Reinaldo (este pentelho negro está colado a outro pentelho louro...), etc etc

Se quiseres a lista completa para a troca é só pedires.

Ass: Jean Paul Sartre

P.s.
Qual foi o cemitério em que te enterraram pá?