domingo, 27 de março de 2005

Anedota do Mês: A primeira pedra...

A primeira pedra

Segundo consta, fazia parte da "cultura" apedrejar as mulheres que faziam uns favorzitos à rapaziada lá do sítio. Ao que se sabe, a Santa Maria Madalena era uma delas.

Era um costume bárbaro. Na altura do apedrejamento da Santa, Jesus Cristo ia a passar no local. Mandou suspender a desumanidade, virou-se para a turba e proferiu:

- De vocês aí, quem nunca errou, que atire a primeira pedra!...
Um lusitano, que estava na primeira fila, nem pensou duas vezes. Pegou numa pedra, puxou o braço atrás... cá vai disto: Acertou mesmo em cheio na mulherzinha.

"Este gajo parece que é parvo!..." - pensou, Jesus Cristo.
O Divino Mestre perguntou:

- Mas tu nunca erraste meu filho?!...

- A esta distância?... Nunca!... - respondeu o lusitano.

quinta-feira, 24 de março de 2005

Sem ti não sei viver...



Estava aqui a pensar...

A cena de sermos de um clube de futebol a vida toda é realmente estranha.

É que não se conhece ninguém, no seu perfeito juízo, que durante a sua vida, depois de ter "optado" por ser de um determinado clube, ter conseguido mudar para outro. É que não se trata de uma questão de opção, é que não conseguimos mudar, mesmo que queiramos! É deveras bizarro e enervante não termos poder de controle sobre uma decisão aparentemente tão simples como esta.

Existe um período na nossa vida em que isso ainda parece ser possível, e até é possível. É aquele período entre os 7 e 13/14 anos de idade sensivelmente (pode variar). Nesta fase ainda hesitamos e mudamos, por vezes serve apenas para chatear os amigos, outras porque temos realmente dúvidas sinceras que nos atormentam interiormente "Será que este clube é mesmo o melhor? Será que vou escolher bem? Hoje os outros jogaram tão bem... mas eu já tinha decidido que gostava mais destes... Aquele jogador é mesmo muito bom, gosto do bigode e do estilo de jogo dele, tem uns dribles fantásticos mas é da equipa rival daquela que eu mais gostava na semana passada... E o equipamento é mesmo baril! Hoje perdemos e jogamos mesmo mal, vou ser humilhado pelos meus amigos... quem me dera ser do outro clube que ganhou, esses é que são bons!".

É que se trata de uma decisão para a vida toda, é uma decisão que tem que ser tomada com ponderação e certeza, não é uma decisão que se tome de ânimo leve, portanto todos estes avanços e recuos são compreensíveis e desculpáveis. Porque depois... depois deste período conturbado na vida de qualquer pessoa que tenha que passar por ele, meus amigos... é até morrer! Nem que nos inflijam as mais inimagináveis torturas. Nós já escolhemos, não há nada a fazer, não conseguimos voltar atrás. Aos 25 anos percebemos que o equipamento da equipa rival até é mais bonito e que se fossemos dessa equipa gastávamos menos dinheiro e tínhamos menos chatices com os transportes em dia de jogo porque o estádio deles fica mais perto da nossa casa e até podiamos ir a pé? Tarde demais!!! Tivessemos ponderado mais na devida altura. Já não existe nada a fazer. Não há remédio para isto.

Depois ainda existe a fase mais inicial da nossa vida em que só para contrariarmos o desejo do nosso pai (a mãe geralmente é mais imparcial) dizemos que somos da equipa contrária àquela que o nosso pai nos tenta convencer que é a melhor. A equipa do coração do nosso pai, a equipa a que ele está aprisionado para o resto da sua vida. E mesmo assim tenta que nós a partilhemos com ele. A angústia de não ter alguém com quem partilhar a sua cela solitária. Em desepero de causa cola a nossa fotografia com 3 meses de idade num cartão de sócio do clube. Por vezes já aderimos a uma sociedade futebolística antes mesmo de sairmos do quentinho do útero. Sócios à força. Até nos leva a ver os jogos ao estádio e tudo. É como se nos tentassem converter a uma religião contra a nossa vontade, sem nós conhecermos nada, entramos naquela catedral e ficamos contagiados. "ALELUIA É GOLO!!! Viste filho? Aquele senhor de bigode deu um pontapé com força e meteu a bola dentro da baliza!! Não é espectacular???!!! Hã!? Hã!?" É como aquele familiar que nos levava à igreja em putos para nos incutir o gosto pelo sagrado espirito santo. Naquela idade só dá mesmo vontade de contrariar.

E depois ainda existem aqueles que nunca gostaram de futebol e que na flor da vida decidem entrar nesta cela e atirar a chave pela janela. Não compreendo...

Os políticos mudam de cor política, as pessoas mudam de emprego e de religião, casam, zangam-se e divorciam-se, apaixonam-se, desapaixonam-se, mas no futebol não existem divórcios, nem sequer separações, perdoamos tudo ao nosso clube, podemos ficar zangados, amuados, mas nunca vamos conseguir tomar a decisão fatal: "Fartei-me! amanhã vou ser dos outros gajos que até jogam melhor e ganham campeonatos!". Porventura podemos perder algum interesse pelo clube do nosso coração e pelo jogo em si, mas mudar de clube?? NUNCA!

Os jogadores do nosso clube fazem merda da grossa? Não interessa! Insultamos as mães dos jogadores sem estas se encontrarem presentes, agitamos uns quantos lenços brancos e já está, aparecem outros nos seus lugares que vestem a camisola do nosso clube! Os reforços de início de campeonato! Carninha fresca! Ahhhh! Isso sim, a camisola do nosso clube! Isso é que interessa. O recheio da camisola é apenas um conjunto de ossos, carne e vísceras... e duas pernas para pontapear a bola, claro! Ama-se o jogador até que ele vista a camisola de outro clube. Traidor!

Mas nesta altura de início de campeonato damos connosco a pensar: "Com estes jogadores é que vai ser, vêm fresquinhos, tudo pode acontecer! Grandes promessas do futebol internacional!! Lembram-se do argentino Canígia que veio para o glorioso? Pois! Mas nesta altura até podemos ganhar todas as competições! É mesmo possível! Nós acreditamos nisso! Vamos jogar muito bem! Vamos ser fantásticos! Esta é a fase de início de campeonato onde tudo é possível! A pré-época, onde a esperança pelo nosso clube está no auge. Os jogadores novos parecem-nos verdadeiros Clark Kents, escondem um potencial de Super-Homens com um poder absolutamente incrível! A kriptonite não existe em lado algum deste universo. Estes monstros estão prestes a rebentar! Não vemos a hora de os ver humilhar os outros clubes dentro de campo com os seus super poderes. Até sentimos pena dos outros clubes de tão bons e fortes que nós somos. Para quem leu os livros da MAFALDA do cartoonista argentino Quino (se não leram deviam ter lido), é quase como estarmos na pele do Manelinho no primeiro dia de aulas, sentado na sua secretária na sala de aula a pensar: " A professora é nova, não conhece ninguém, ela olha para mim e até pode pensar que eu Manelinho, sou o melhor aluno da turma! Ahahah! Isto é Incrível!" Até que o Manelinho abre a boca para responder a uma pergunta e a partir dai a vida na escola volta à mesma rotina monótona de sempre.
Isto tudo para dizer que não são os jogadores que fazem um clube, nem sequer é um estádio que faz um clube, um clube é um entidade não palpável. A paixão e a ligação a essa entidade é inquebrável.

Isso leva-me a questionar: O que aconteceria se conseguíssemos realmente mudar de clube aos 35 anos?
O mundo desabava! Seria o caos! Ninguém se entendia, acabavam-se os jornais desportivos, convertiam-se os 10 estádios em hospitais e centros desportivos abertos ao público, os homens começavam a ver as telenovelas (da TVI) e a dividir as tarefas caseiras com a mulheres, o Dia Mundial da Mulher não faria sentido existir, o Pai Natal deixava de beber Coca-Cola, o Papa tirava umas férias e o Santana Lopes queria ser Papa em vez do Papa.
É tão impossível como um heterossexual por em prática a decisão:
"Fartei-me! Quando fizer 35 anos vou começar a gostar de homens e a andar à caubói!".

Jean Paul Sartre


p.s.
Links imprescindíveis para coleccionadores das cadernetas de cromos da bola dos anos 80: 1 e 2

terça-feira, 22 de março de 2005

Karaoke: Ó meu amigo, faça favor! Por quem é?!

Oiça a música aqui <[º!º]> e cante!

Nirvana
"Viola-me"



Viola-me

Viola-me, meu amigo
Viola-me
Viola-me mais uma vez

Eu não sou o único (x4)

Odeia-me
Uma e outra vez

Enxovalha-me
Saboreia-me, meu amigo

Eu não sou o único (x4)

A minha fonte interior preferida
Eu beijar-te-ei as feridas abertas
Agradeço a tua preocupação
Irás sempre cheirar mal e arder (meu g'anda cabrão)

Viola-me
Viola-me, meu amigo
Viola-me
Viola-me mais uma vez

Eu não sou o único (x4)

Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-me!
Viola-meeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!


tradução: Jean Paul Sartre


segunda-feira, 21 de março de 2005

Tenho pressa de chegar...

Eu? Eu tinha pressa em ser alguém na vida.
Fui muito precoce, fiz os 4 anos da escola primária em apenas 2 anos, era deveras inteligente para minha idade.

Depois, não perdi tempo, tive a minha primeira namorada logo aos 8 anos. Acabei com ela aos 9 anos (sim fui eu que acabei, claro!). Era demasiado madura para mim.

E sem mais demoras, fiz-me à vida. Acabei a faculdade aos 14. Dentista.

Depressa saí de casa, já não via o tempo de sair de lá para fora. Arranjei emprego num instantinho.

Aos 17 casei-me pela 1ª vez. Divorciei-me aos 18. Ela era muito vagarosa para o meu ritmo. Rapidamente casei-me uma 2ª vez e mudei de emprego logo de seguida. E de seguida mudei de mulher outra vez. Esta tinha pressa em ter filhos, porque depois já não teria idade para os ter. Finalmente alguém que me compreendia! Bem dito bem feito. Com esta rapidamente tive 2 filhos. Ela prefere dizer que ela é que teve os filhos. Diferentes pontos de vista...

Aos 21 era independente e realizado na vida, tinha casa num sitio agradável, um carro veloz, mulher desembaraçada, 2 filhos, TVCabo com 55 canais (5 canais descodificados), 1 cão nervoso e um periquito esquizofrénico. Enfim, não me podia queixar.

A vida depressa se tornou monótona, os filhos cresciam muito vagarosamente para a minha noção do tempo, o cão com a idade ficou mais calmo (vá-se lá saber porquê!) e o periquito depressa morreu (o único com quem eu me identificava realmente).

Os dias da semana passavam muito devagar e os fins de semana muito rápido... e eu que gostava de ser rápido... (este pormenor sempre me fez confusão). "Nunca mais é 6ª feira!" Era o meu 1º pensamento às 2ªs feiras de manhã. Depressa este se tornou o pensamento de sábado à noite. "Amanhã já é Domingo! A véspera de 2ª feira!" E consegui ser ainda mais rápido! Na 6ª feira à noite, à saída do trabalho já estava eu a pensar: "Amanhã é Sábado! A véspera da véspera de 2ª feira!! NUNCA MAIS É 6ª FEIRA!!!!"
Tinha que mudar de vida e rápido, antes que fosse tarde demais! Antes que tudo se tornasse num grande aborrecimento. Antes que a vida se tornasse lenta e insuportável e vazia de estímulos. Fartei-me do emprego, da mulher, dos filhos, do cão e do falecido periquito (foi cremado). Peguei nas poupanças e levei o carro veloz.

Troquei de carro por um que andava mais rápido. Vendi o carro.

Viajei pelo mundo todo. Conheci quase tudo. E voltei. Parecia que nada tinha mudado. Quanto mais tempo estava fora mais as coisas pareciam estáticas e iguais aquelas que tinha deixado para trás.


Agora estou aqui, sentado num sofá de 1 lugar, neste lar de 3ª idade, com uma TV de 4 canais, a olhar para gente com a mesma idade que eu. Eu que sempre fui precoce, nunca pensei que existissem pessoas com a mesma idade que eu.
Estranho, eu que sempre tive pressa em chegar aqui... pressa em sair de onde não me sentia bem, agora quero que o tempo passe bem devaaaagariiinho. Agora preciso de tempo, quero mais tempo, preciso de mais tempo! Mais tempo para pensar em tudo o que não pensei porque queria que o tempo passasse rápido.

Porque daqui até à morte é um instantinho.

Jean Paul Sartre



The Divine Comedy
"Tonight We Fly"

Tonight we fly
Over the houses
The streets and the trees
Over the dogs down below
They'll bark at our shadows
As we float by on the breeze

Tonight we fly
Over the chimney tops
Skylights and slates -
Looking into all your lives
And wondering why
Happiness is so hard to find

Over the doctor, over the soldier
Over the farmer, over the poacher
Over the preacher, over the gambler
Over the teacher, over the writer
Over the lawyer, over the dancer
Over the voyeur, over the builder and the destroyer,
Over the hills and far away

Tonight we fly
Over the mountains
The beach and the sea
Over the friends that we've known
And those that we now know
And those who we've yet to meet

And when we die
Oh, will we be
That disappointed
Or sad
If heaven doesn't exist
What will we have missed
This life is the best we've ever had


terça-feira, 8 de março de 2005

Aqui dentro, nada de novo...



Devido a esta minha situação actual (e à situação da chata da Simone), esta cançoneta não me sai da cabeça nem descola do gira-discos.


"God's Away On Business"

Tom Waits/Kathleen Brennan


I'd sell your heart to the junkman baby

For a buck, for a buck

If you're looking for someone

To pull you out of that ditch

You're out of luck, you're out of luck


The ship is sinking

The ship is sinking

The ship is sinking


There's leak, there's a leak,
in the boiler room
The poor, the lame, the blind

Who are the ones that we kept in charge?

Killers, thieves, and lawyers


God's away, God's away,

God's away on Business. Business.

God's away, God's away,

God's away on Business. Business.


Digging up the dead with

A shovel and a pick

It's a job, it's a job

Bloody moon rising with

A plague and a flood

Join the mob, join the mob

It's all over, it's all over, it's all over

There's a leak, there's a leak, in the boiler room
The poor, the lame, the blind

Who are the ones that we kept in charge?

Killers, thieves, and lawyers


God's away, God's away, God's away

On Business. Business.

God's away, God's away,

On Business. Business.


[Instrumental Break]


Goddamn there's always such a big temptation

To be good, To be good

There's always free cheddar in a mousetrap, baby

It's a deal, it's a deal

God's away, God's away, God's away

On Business. Business.


I narrow my eyes like a coin slot baby,

Let her ring, let her ring


God's away, God's away,

God's away on Business.

Business...


ass: Jean Paul Sartre